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À conversa com… Isabel Santos
A vida pode ser um momento como este

Tem dois filhos, um neto, outro a caminho, e fala deles com uma alegria contagiante. Na verdade, os seus olhos brilham quando fala deles, mas também brilham quando fala das suas palestras, das suas aulas, das suas peças de teatro, do livro que já escreveu e daquele que está na gaveta da sua memória e da sua imaginação – a prova viva de que, quando chega a hora da reforma, a vida continua e não tem de ser necessariamente pior ou sequer desinteressante.

Enfim, nas próximas linhas, vamos encontrar alguém para quem o impossível é apenas aquilo que nunca se tentou; e alguém que, tendo tempo para fazer tantas coisas nas 24 horas do seu dia, acreditamos nós, partilha da ideia de Vergílio Ferreira quando diz «O tempo que passa não passa depressa. O que passa depressa é o tempo que passou.»

Habituei-me, desde cedo, a brincar com as palavras e a fazer com elas jogos lúdicos, construir histórias, inventar diálogos, sonhar com tempos idos, projectar a memória dos dias em folhas estupidamente brancas, tão alvas que a sua lisura, só por si, desafia os dedos a desenhar qualquer coisa. Muitas vezes partilhei textos com pessoas que – acredito! – as leram e pensaram que lá estava eu, de novo, a fazer equações de coisa nenhuma. Diante das folhas, estou protegida e posso inventar o que me apetecer porque é um acto unilateral, sem remoques nem contraditório.

Hoje, porém, alguém chegou e, literalmente, tentou esmiuçar-me a mente com questões "provocantes", "insinuantes" e "objectivas".

Fazer escolhas, mostrar o que se é, de facto, é um exercício curioso acutilante, desafiador. Dei por mim a lembrar-me dos sonhos de menina, das memórias que ficaram, dos projectos que se concretizaram.

Mas muito mais interessante do que quaisquer jogos de letras ou de respostas mais ou menos "politicamente" correctas, valeu a oportunidade de transmitir, a quem quiser ler e pensar, que a vida lúcida que temos para viver é muito curta, tão veloz que até arrepia.

É por isso que, cada vez mais, contra tudo e contra todos, e porque o faço de maneira pessoal, eu afirmo que todos temos a obrigação de deixar uma marca indelével de nós, aquela que pode ferir, fazer sorrir, até de nada se preciso for, apenas para que tenhamos a satisfação de dizer: «Eu passei por aqui e vivi cada dia vivi intensamente, cada projecto foi pensado para durar, até quando for preciso.»

E hoje, tive a certeza de que viver pode ser um acto tão generoso quando um amigo, em amena conversa, nos questiona, nos confronta e nos dá a certeza de que, afinal, nós somos gente.

É disto tudo que eu quero dizer quando brinco com as palavras: a vida pode ser um momento como este.

Leia a entrevista a Isabel Maria Santos no ficheiro em anexo.

Por Rui Duque, 5-02-2019



Anexos:

À conversa com... Isabel Santos




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