Era um concerto, sim – mas mais do que isso, era um gesto. Um daqueles raros momentos em que a arte se curva ao serviço do outro, em que cada nota cantada carrega consigo não só beleza, mas também propósito.
A Igreja da Foz, com a sua acústica natural e atmosfera sagrada, foi o palco perfeito para esta actuação. Os bancos encheram-se cedo, com gente de todas as idades – alguns pela música, outros pelo significado, todos unidos por uma causa.
O orfeão entrou em cena com sobriedade e elegância, os seus elementos alinhados como quem sabe que o que está prestes a fazer não é apenas cantar, mas tocar corações. E assim foi. Do clássico ao contemporâneo, cada tema foi interpretado com uma alma que transbordava das vozes para o altar, e dali para cada pessoa presente.
Era visível a emoção – nos olhos marejados da senhora da primeira fila, nas palmas contidas de quem respeitava o sagrado do lugar, e naqueles segundos de silêncio profundo que se seguiram ao último acorde como se ninguém quisesse quebrar o encanto.
A actuação terminou com um a solo do nosso maestro Sérgio Martins com a interpretação da canção Com Te Partirò. O público não queria apenas mais música – queria prolongar aquela rara sensação de comunhão, de beleza posta ao serviço do bem.
Saímos da igreja com o coração leve, a alma cheia e a certeza de que, naquela tarde na Foz, o canto foi mais do que arte: foi um acto de amor.
Por José Caldas, 13-08-2025
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