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Caminho de Santiago a Finisterra – 4.ª etapa
Cee / Finisterra / Castrexe.
A etapa começa no hotel, com as malas deixadas na recepção e o nosso motorista encarregado de as acomodar no autocarro. Naquele momento, ainda não sabíamos que era de Gaia e até surgiu a dúvida sobre se poderia ser dos Açores... Mas tudo tranquilo: sendo de Gaia, é certamente uma excelente pessoa, e as malas estão seguras.
Avançámos um pouco e tirámos a foto de grupo com vista sobre a Marina. A Rosa insistia em que queria uma foto bonita e rapidamente foi sugerido que todos saíssem, para que a foto ficasse apelativa. Depois fizemos uma breve visita à igreja, onde se aproveitou para expiar alguns pecados.
Não serviu de muito: começa uma subida, e a chuva também aparece. Chegados a Corcubión percebemos que, no ano anterior, tínhamos sido enganados: a longa viagem a contornar a costa podia ter sido substituída por uma subida rápida. Mas pronto, agora temos na nossa caderneta de cromos uma alternativa.
Carimbo aposto pela Lurdes – quem sabe nunca esquece, e a destreza com que carimbou todas as credenciais fez-se notar. A partir daqui o caminho já nos é familiar, e a passagem pela sinalética do Albergue da Sónia faz-nos pensar que ela devia ter vindo com o grupo. Avista-se o Chiringuito e voltámos a tirar uma foto na praia, que tem uma vista espetacular.
O tempo oscila entre sol, vento e chuva, enquanto seguimos rumo ao objectivo de conseguir a Fisterrana, a certificação que prova a nossa chegada a Finisterra. A Rosa já tinha tratado de tudo e garantiu-nos o título de grupo de portugueses mais organizado a chegar a este local. Restava apenas conferir as credenciais antes da entrega simbólica dos diplomas junto ao autocarro.
Desta vez, subimos ao Farol de autocarro e tirámos a tradicional foto no marco do “fim do mundo”. A Laura e a Manu aproveitaram para deixar por lá botas carregadas de quilómetros e histórias – um símbolo do fim do caminho e do início de uma nova jornada. Enquanto isso, o grupo espalhou-se pelas rochas para almoçar. Não é todos os dias que se tem um restaurante com esta vista deslumbrante!
Café tomado – dois euros bem gastos num café de qualidade – e voltámos ao autocarro para descer até Finisterra. Na viagem, uma consulta ao mapa fez prever uma subida difícil… e a chuva espreitava. Houve indecisões, mas, mesmo à última da hora, a Célia, a Nandinha e a Celeste resolveram meter pés ao caminho e fizeram a etapa até Castrexe, provando que são caminheiras premium. Já não podemos dizer o mesmo de mim, da Madalena, da Paula e da Elvira – optámos por ficar a fazer companhia ao motorista.
Daqui para a frente só posso relatar o que me contaram… Pelos vistos, a chuva incomodou e o vento não ajudou, mas o percurso era bonito. Ficou mais uma vez registado, não apenas em fotos (com o César a reportagem fica sempre garantida), mas essencialmente na memória, o espírito de entreajuda e o companheirismo que se vive nestes momentos. Ainda houve tempo e disposição para espreitar o mar, enquanto se pensava que já só faltava uma etapa para concluir esta aventura.
No autocarro, enquanto se esperava pelos valentes caminheiros, rapidamente se reuniu um grupo para um animado jogo de sueca, com técnicas avançadas e inovadoras.
Na viagem de regresso, o ar no interior do autocarro ficou saturado e a Célia começou a sentir dificuldades em respirar, quase parecendo a Marta a chorar com os sentimentos… A Celeste prontamente pediu para fazerem circular um pouco o ar, mas o pedido foi confundido com baixar a temperatura e em Valença, na paragem para o café, estávamos todos congelados…, mas a Célia estava a respirar bem!
O motorista, novo nestas andanças, teve de aprender como se fazem as rotundas, e, em Valença, fez uma voltinha para treinar e outra para provar que já tinha aprendido. Durante a viagem, as músicas de Marante embalaram o grupo e a Marta soltou a voz com A Bela Portuguesa. O estilo musical, que se ouviu durante toda a viagem, gerou dúvidas no grupo da cozinha, que tentou esclarecer com o Cardoso – má ideia! Homem que é homem não sabe ficar calado e rapidamente todo o autocarro ficou a par das nossas inquietações. Nesta altura, o Caldas fez uma chamada para controlar o estado do grupo e para partilhar boas notícias.
Mais uma etapa dupla concluída com sucesso, cheios de vontade de iniciar a última etapa deste caminho e de começar a pensar em novos desafios.
Por último, um agradecimento especial à Célia (sem beijinhos, nem abraços) sem a qual esta crónica não teria existido. Obrigada!
Por Joana Passos, 26-07-2025
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